O soneto (Cruz e Sousa, grafia original)


Nas fórmas voluptuosas o Soneto
Tem fascinante, cálida fragrancia
E as leves, langues curvas de elegancia.
De extravagante e mórbido esqueleto.

5A graça nobre e grave do quarteto
Recébe a original intolerancia,
Toda a subtil, secréta extravagancia
Que transborda terceto por terceto.


E como um singular polichinéllo
10Ondula, ondeia, curioso e bello,
O Sonelo, nas fórmas caprichósas.

As rimas dão-lhe a purpura vetusta
E nas mais rara procissão augusta
Surge o Sonho das almas dolorosas...