Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865)/Estella e Nize

ESTELLA E NIZE

Eu vi a linda Estella, e namorado
Fiz logo eterno voto de querêl-a;
Mas vi depois a Nize, e é tão bella,
Que merece igualmente o meu cuidado.

A qual escolherei, se n’este estado
Não posso distinguir Nize d’Estella?
Se Nize vir aqui, morro por ella;
Se Estella agora vir, fico abrasado.

Mas, ah! que aquella me despreza amante,
Pois sabe que estou preso em outros braços,
E esta não me quer por inconstante.

Vem, Cupido, soltar-me d’estes laços,
Ou faz de dous semblantes um semblante,
Ou divide o meu peito em dous pedaços!