LIVRO XXII

 

Despe os trapos o herói, pula á soleira
De arco e de aljava, e aos pés derrama as frechas,
Dizendo aos procos: «A árdua empresa é finda;
Num alvo nunca dantes alcançado
A mira tenho, e dê-me glória Febo.»5

A Antino aqui dispara o tiro acerbo,
Quando elle as duas asas d’áurea taça
Maneava, e o licor ia empinando,
Não cuidoso da morte. Quem previra
Que entre muitos um só, famoso embora,10
Á Parca o renderia? A ponta o vara
Da goela á cerviz tenra; ao golpe, Antino
Deixa a taça cair, de ilharga tomba;
Sangue das ventas jorra, e a pés convulso
A mesa empurra; espalha-se a comida,15
Suja-se a carne e o pão. Ferve o tumulto;
Erguem-se alvorotados, procurando
Em vão, pelas paredes esculpidas,
Escudo ou lança, em cólera fremiam:
«Que! forasteiro, aos homens é que apontas!20
Final proeza: abutres vão tragar-te;
Mataste a flor dos Ítacos mancebos.

Louco! acidental suponho o caso,
Nenhum tão iminente o fado cria»;
Mas carrancudo Ulysses: «Cães! julgando25

Que eu de Ílio não viesse, consumida
Nossa fazenda, as servas estupraveis,
E de um vivo a consorte pretendíeis,
Sem pejo nem temor de homens e deuses!
Agora transporei o umbral da morte.»30

Susto e palor os cobre; olhando buscam
Algum refúgio, e Eurímaco responde:
«Se és na verdade Ulysses Itacense,
Tens razão, porque os Dânoas cometeram
Neste paço e no campo iniqüidades.35
Mas ali jaz quem foi de tudo causa,
Antino: a tais ofensas induziu-nos,
Por amor não das núpcias, por cobiça
E ambição de reinar; quis de teu filho,
O que o Satúrnio lhe tolheu, dar cabo.40
As traições expiou; poupa teus povos.
Será pública a emenda, e prometemos,
Pagando quanto aqui te consumimos,
Cada um com vinte bois satisfazer-te,
Com ouro e bronze que teu peito alegrem.45
O desagravo aplaque-te os furores.»

Tétrico o herói: «Toda a paterna herança
E muito mais, Eurímaco, me désseis,
A desforra cruenta era ymphalível.
Só vos pode salvar combate ou fuga;50
Nenhum cuido porém que a Parca evite.»

Esmoreceu com isto, os joelhos frouxam,
E Eurímaco replica: «Aljava e arco
Ele não deporá das mãos invictas,
Sem que do limiar nos prostre, amigos.55
Sus, dos gládios puxai, fazer das mesas
Reparo aos tiros seus; num grupo unidos,
O expilamos do ingresso, e reclamemos
Pela cidade auxilio: ultimo o dia
Seja em que setas rápidas jacule.»60

O bronze afiado arranca de dous gumes,
Salta horrendo a rugir contra o Laércio;
Que lesto á mama o fere, e a veloz farpa
No fígado lhe prega: a espada vai-se;
Revolto em cerco á mesa, donde rola65

Comida e louça, de cabeça em terra
Bate, e a pés, convulsivo e agonizante,
Sacode o assento; a vista se lhe entrava.

Corre Anfínomo a Ulysses glorioso,
De alfanje nu, para o expelir da entrada;70
Mas o pique Telemacho entre os ombros
Atrás lhe enterra e os peitos lhe traspassa;
Só não lho extrai, de medo que, ao sacal-o,
Prono o apunhalem. Súbito recorre
A seu pai: «Vou trazer-te aêneo casco,75
Dous dardos e um broquel. Tempo é de armar-me
E os pastores fiéis.» — «Sim, volve Ulysses,
Não tardes, filho; enquanto as frechas durem,
Todos eles das portas não me arredam.»

Á voz do caro pai, despede aonde80
Recolheram-se as armas; oito escudos,
Hastas oito, quatro elmos traz cristados,
E ao campeão de pronto vem juntar-se;
Arneza-se primeiro e os dous pastores,
Com quem de Ulysses em redor se posta.85
Do cauto herói cada frechada abate
Um dos procos, e em pilha iam caindo.
Esgotado o carcás, á ombreira o encosta
E o válido arco á nitida fachada;
Quádruple escudo embraça, rígido elmo90
Nutante enfia de cocar eqüino,
Éreos dardos fortissimos apunha.

Alta janela havia na parede,
E ao cabo do vestíbulo de tábuas
Estreita rampa, a única subida:95
Manda Ulysses a Eumeu que ali vigie.
Agelau, que o percebe: «Amigos, disse,
Não há quem monte á superior janela,
Pelo povo a bradar? com sua ajuda,
Este homem nunca mais dardejaria.»100

Melântio refletiu: «Não é possível,
Divo Agelau; que a rampa, junta ao pátio,
Por empinada e angusta, um só valente
Basta a guardá-la. Acima eu vou pôr armas,
Ânimo! estão, suponho, em celsa estância,105

Onde Ulysses e o filho as depuseram.»

Por interior escada ei-lo que passa
Á câmara de Ulysses, donde aos procos
Doze dardos fornece e broquéis doze,
Doze êneos cascos de camada crista.110
O herói tituba um tanto, ao ver arnêses
Fugir aos peitos e nas mãos remessos;
Maior a empresa então se lhe afigura,
E grita: «Armou-nos, filho, uma das servas
Cruel certame, se não foi Melantio.»115

«A culpa é minha, o príncipe confessa,
A câmara, meu pai, deixando aberta;
Eles desse descuido se valeram.
Anda a fechá-la, e observa, Eumeu, se alguma
Escrava é quem nos trai, ou, como julgo,120
De Dólio o filho.» — Entanto, Eumeu lobriga
Melântio a remontar: «Solerte Ulysses,
O traidor é o ruim que suspeitamos.
Se o venço, hei de matal-o, ou conduzir-to
Por que pene os excessos perpetrados?»125

E o rei prudente: «A lhes conter a furia
Eu basto com Telemacho. Vós ambos
Na câmara o tranqueis: atai-lhe ás costas
Mãos e pés; ao pilar da corda o extremo
O ice; da trave atormentado penda.»130

Apressuram-se os dous. Sem que os bispasse
Já dentro, armas catando, o guarda-cabras,
De sentinela ao patamar ficaram;
Até que sai, com reluzente casco
Na esquerda, na direita um ressequido135
Largo e velho broquel do bom Laertes,
Que estava ali de loros despegados.
Com juvenil ardor, no solho interno
Rojam-no preso, amarram-no e penduram,
De seu senhor executando as ordens.140
Mordaz, Eumeu, clamaste: «Ora, Melântio,
Na mole veles merecida cama;
E, ao raiar do Oceano a matutina
Aurora em trono de ouro, não te esqueças
De lhes trazer para os banquetes cabras.»145


Arrouchado e suspenso, o abandonaram,
Fechando a porta; e em bronze reluzindo,
A respirar vigor, juntam-se ao divo
Sábio guerreiro: á entrada apenas quatro,
São muitos os da sala e não cobardes.150
Em Mentor se disfarça e vem Minerva;
Ulysses a folgar: «Mentor, socorro;
Amigo teu fui sempre, e me és coevo.»
Ora assim, mas suspeita ser Tritônia.

Rompem logo em doestos, e é primeiro155
Agelau Damastórides: «Ulysses
Contra os procos, Mentor, não te seduza;
Ou com teu sangue expiarás a culpa,
Assim que elle e Telemacho sucumbam,
Como é de crer. Depois que o bronze expires,160
Teus bens de fora e urbanos confundidos
E os do Laércio, de Ithaca a família,
Os filhos teus, as filhas, casta esposa,
Nós surdos á piedade expulsaremos.»

Em mais cólera a déa: «Já te falta,165
Ulysses, o valor que, da alva e nobre
Helena a pró, nove anos despregaste,
Varões tantos rendendo em graves prélios,
Ilion por teus conselhos derrocada:
Como! nas tuas possessões recusas170
A insolentes punir! Ânimo, filho;
O Alcimides verás como te é grato.»
E a fim de comprovar o esforço dele
E do excelso Telemacho, a vitória
Inda balança, e em resplendente poste,175
A revoar, qual andorinha, pousa.
Eurínomo, Agelau, Demoptólemo,
Anfimédon, Pisandro Politório,
Pólibo armiperito, aos seus roboram;
Os fortes são que vivos pleiteavam,180
Pois o arco assíduo os outros já domara.
«Vêde-o, grita Agelau, que as mãos invictas
Retêm; Mentor jactancioso foi-se;
Á entrada, amigos, sós pelejam quatro.
Eia, brandi, não todos, mas seis dardos:185

Jove nos glorifique, o herói firamos;
Dos mais não se nos dê, se elle é vencido.»

Frustra Minerva os dardos seis que voam:
Prega-se á porta um freixo de érea choupa,
Outro ao grosso alizar, outro á parede.190
Malogrados os tiros, manda Ulysses
Paciente e firme: «Toca-nos, ó caros,
Punir os que ardem consumar seus crimes
Com nossa morte.» Lanças quatro zunem:
Ele a Demoptólemo, o filho a Euríade,195
A Élato Eumeu, Filétio ao Politório,
Morder o vasto pavimento fazem.
Recua ao fundo a chusma, e os quatro os freixos
De chofre dos cadaveres desprendem.

De novo os procos a vibrar forcejam,200
E as hastas quase inutiliza Palas:
No portal finca-se uma, outra num poste,
Ou num lanço da sala; mas o corpo
A Telemacho esfola a de Anfimédon,
E a de Ctesipo, a Eumeu roçando a espádua,205
Salva o escudo e baqueia. Em torno ao chefe
Mantêm-se inda mais bravos: a Eurídamas
O eversor de muralhas, a Anfimédon
Fere Telemacho, o porqueiro a Pólibo;
A Ctesipo Filétio os peitos vara,210
E ufaneia: «Insultante Politérside,
Cessas de encher a boca de estulticias;
Cabe o discurso aos poderosos numes.
Pago és do pé de boi com que hospedaste
O divo herói mendigo em seu palacio.»215

Ao falar o vaqueiro, fronte a fronte
Seu amo a Damastórides lanceia;
Por Telemacho a bronze roto o ventre,
Se debruça Leócrito Evenório,
Bate no solo a testa . Eis do fastígio220
Alça Tritônia a égide homicida:
Vagam todos atônitos, qual fogem
Do vário ágil tavão picadas reses
Nos vernais longos dias. Da montanha,
De garra e bico adunco, abutres saltam225

Sobre aves, que tremendo alam-se ás nuvens;
Eles porém, folgando os campesinos,
Sem mais refúgio, alcançam devorá-las:
Assim de cabo a cabo a turba acossam,
Rompem, vulneram; mestos ais ressoam,230
E todo o pavimento em sangue ondeia.

Súbito abraça a Ulysses os joelhos
Suplicante Liodes: «Compassivo
Me sê, Laércio. Nunca obrei, nem disse
Cousa que as servas tuas ofendesse;235
Antes continha os socios, que emperrados
O mal purgaram já com morte feia.
Vate e inocente, padecer não devo:
Recompensa futura aos bons compete.»

Sombrio o rei troveja: «Eras seu vate,240
Longe me ansiavas dos queridos lares,
Ter de minha mulher quisestes filhos;
Trago amargo haverás.» E, erguendo a espada
Que ao morrer Agelau deixara em terra,
Com mão forte a Liodes, que ainda orava,245
A cabeça mutila e em pó lha envolve.

O Terpíades Fêmio, dos intrusos
Cantor coato, esquiva-se ao trespasso;
E, em punho a lira arguta, considera,
Á superior saída, se abrigar-se250
Na ara de Jove iria, onde o Laércio
E o pai queimaram coxas mil taurinas,
Se deitar-se-lhe aos pés: foi deste aviso.
Entre a cratera e a sede clavi-argêntea
Pondo o cavo instrumento, implora e estreita255
Os joelhos do herói: «Príncipe augusto,
Perdão! há de pesar-te se exterminas
Vate que humanos e imortaes celebra.
Eu doutrinei-me, o Céo me inspirou mesmo
Onígenas canções; posso entoar-tas,260
Qual a um deus: no meu sangue ah! não te manches.
Por indigencia não, teu filho o sabe,
Dos procos aos festins forçado vinha;
Tantos e mais potentes me obrigavam.»

Enérgico Telemacho: «Este insonte,265

Nem o arauto castigues, pois na infância
De mim curava, se é que Eumeu, Filétio,
Ou golpes teus letais o não prostraram.»

Ouve-o Médon alerta, que medroso,
De baixo do seu trono, em fresca pele270
Bovina se escondera; e, sacudindo-a,
Ajoelha-se a Telemacho: «O paterno
Cru bronze, amigo, aos loucos não me iguale
Que, esbanjados os bens, te desonravam.»

Sorrindo o herói: «Telemacho salvou-te275
Sus, apregoa que vantagem leva
Sempre a virtude ao vicio. Ao pátio aguarda
Mais o cantor famoso, que eu preencha
Quanto me cumpre.» — Da carnagem fora,
Ambos da ara de Jove tudo espreitam.280
Na sala, circunspecto, elle examina
Se inda algum respirava, e em pó sangrento
Jaziam todos: qual á praia curva
Arrasta a malha os peixes, que, empilhados
Na areia, mudos cobiçando as vagas,285
Á luz do Sol em breve o alento exalem;
Tais os procos ali se amontoavam.
E Ulysses: «Da nutriz já já preciso,
Telemacho.» O postigo o moço volve:
«Olá, quer-te meu pai, não tardes, ama,290
Que és das fâmulas todas superiora.»
Fútil mando não foi; que, abrindo as portas,
Caminha após Telemacho Euricléia:
De mãos e pés imundo encontra a Ulysses
De fresca mortualha circundado;295
Como o leão, que, tendo a rês comido,
Cruento o peito e a cara, avulta horrível.
Nos mortos atentando e no alto feito,
Ia a velha gritar; seu amo o atalha:
«Folgues embora em ti, mas não jubiles;300
Cousa é torpe exultar por homicídios.
Cru destino os domou, sua impiedade:
Sem respeito a ninguém, por bom que fosse,
Pecados seus á Parca os devotaram.
Agora as delinqüentes me enumera,305

Que esta casa honestissima desdouram.»
E a dileta nutriz: «Meu filho, escuta.
Fâmulas tens cinqüenta, que ensinamos
A lavrar, a cardar, a submeter-se
Á escravidão: na impudicia doze,310
De mim não se lhes dá, nem dá senhora
Telemacho, inda há pouco adolescente,
Que a mulheres governe a mãe proíbe.
Eu já subo a falar com tua esposa,
Por divino favor adormecida.»315
Mas ele: «Não é tempo de acordá-la.
Aqui me chama as impudentes servas.»
Apressura-se a velha mensageira.

A Telemacho o rei e aos dous pastores
Juntos prescreve: «A transferir os mortos320
Começai, das mulheres ajudados;
Expurguem-se depois com água e esponja
Tronos e mesas. Toda a sala em ordem,
As rês daqui levai; de espada a fios
Da cerca do atrio em meio e da rotunda,325
Expire uma por uma, e esqueçam Vênus
Que furtivas as ligava aos pretendentes.»

Elas em pranto e ais chegadas foram;
Soluçando, os cadaveres ás costas,
Ao pórtico do pátio os depuseram,330
Mútuo auxilio a prestar-se; o mesmo Ulysses
As concitava, e a custo prosseguiam.
Limpos á esponja os móveis elegantes,
O solo os três com pás iam raspando,
O lixo as criminosas carregavam.335
E concertada a sala, as conduziram
Da cerca do atrio ao meio e da rotunda,
Augusto sítio, impedimento á fuga.

Lá Telemacho disse aos companheiros:
«Não morram simples morte as que, nos braços340
De ymphames tais, enchiam-me de opróbrio
E a minha casta mãe.» Nisto, um calabre
Naval de uma coluna atando, em roda
No alto passa da torre, que nenhuma
O chão de pés tocasse. Qual, entrando345

Pombas ou tordos num vergel, da moita
Em rede caem de estendidas asas,
Triste poleiro e cama; assim, por ordem
Elas em laços, curto esperneando.
Cessam de palpitar estranguladas.350
Ao vestíbulo e atrio, a sevo bronze,
Ventas e orelhas a Melântio cortam,
Lançam-lhe os genitais a cães famintos,
Pés decepam-lhe e mãos. — Completa a obra,
Vão-se purificados ao Laércio,355
Que determina: «Salutar enxofre
Traze e fogo, Euricléia; defumada
Seja a casa. Ao depois a vir exortes
A rainha e as escravas.» — Mas a velha:
«Otimamente, filho meu, discorres;360
Outras vestes porém dar-te-ei primeiro:
Decoroso não é que em teu palacio
Forres de andrajos os robustos membros.»

Insta o senhor: «O fogo é já preciso.»
Fogo e enxofre sem réplica ela trouxe.365
Com que Ulysses defuma a sala e o pátio.
Sobe a ama de novo e intima as ordens:
As servas em tropel sustendo fachos,
Ledas em torno, abraçam-no e saúdam,
Beijando-lhe a cabeça e as mãos e espáduas;370
E ele, que n’alma as reconhece, um doce
Desejo tem de choro e de suspiros.

 

NOTAS AO LIVRO XXII

 

93-98 — A posição desta janela e subida não se pode bem determinar; os comentadores não explicam o lugar satisfatoriamente, nem eu me lisonjeio de ter acertado.

141-145 — Nesta passagem, principalmente no fim, apartei-me um pouco do sentido literal, para melhor exprimir a zombaria de Eumeu.

155 — Doesto significa injuria ou vitupário; sem embargo de alguns diários e folhas o tomarem erradamente por dor ou pesadume.

210 — Advirto que, sempre que vem o nome Ctsipo com duas sílabas, eu o faço de três Ctesipo, como o fez Pindemonte; porque na lingua portuguesa, que foge de muitas consoantes seguidas, o dissílabo seria áspero em qualquer verso.

342-354 — Toda esta cena de serralho, como a nomeia M. Giguet, é horribilissima; e acrescenta o horror o suplicio de Melântio, sobre quem se exerce uma vingança brutal. Não é mau que Homero nos pintasse um tal quadro, para avaliarmos os costumes daqueles tempos. Contudo, se fosse Virgilio que o fizesse, quantas pragas não choveriam das bocas e penas de certos críticos modernos!

368-372 — Depois da cruel carniçaria, Homero desenluta o seu ouvinte ou leitor com a ternura das servas inocentes, e com o desejo de chorar que teve o senhor ao reconhecê-las; mas, não obstante a habilidade com que traça este novo quadro, o primeiro não se apaga e nos deixa uma dolorosa impressão.