1Ontem, senhor Capitão,
vos vimos deitar a prancha,
embarcar-vos numa lancha
de gentil navegação:
a lancha era um galeão,
que joga trinta por banda,
grande proa, alta varanda,
tão grande popa, que dar
podia o cu a beijar
a maior urca de Holanda.
  
2Era tão azevichada,
tão luzente, e tão flamante,
que eu cri, que naquele instante,
saiu do porto breada:
estava tão estancada
que se escusava outra frágua
e assim teve grande mágoa
da lancha por ver, que quando
a estáveis calafetando
então fazia mais água.
  
3Vós logo destes à bomba
com tal pressa, e tal afinco,
que a pusestes como um brinco
mais lisa, que uma pitomba:
como a lancha era mazomba,
jogava tanto de quilha,
que tive por maravilha,
não comê-la o mar salgado,
mas vós tínheis, o cuidado,
de lhe ir metendo a cavilha
  
4Desde então toda esta terra
vos fez por aclamação
Capitão de guarnição
não só, mas de mar, e guerra:
eu sei, que o Povo não erra,
nem nisso vos faz mercê,
porque sois soldado, que
podeis capitanear
as charruas d'além-mar,
se são urcas de Guiné.