Dos antigos Titães, o mar,—fera indomavel,
Agora verga o dorso ao peso colossal
Dos novos leviathãs que em bando formidavel,
Nas grandes explosões da colera insondavel,
Já levam de vencida o abysmo e o vendaval!
Elles seguem no mar, altivos no seu rumo,
Em halitos de fogo, á nossa voz fieis,
E como o combatente erguendo a lança a prumo,
Era turbilhões rompendo, as flamulas de fumo
Ostentam sem cessar correndo entre os parceis!
Que sopro creador, que força omnipotente
Os fez surgir do nada, os monstros colossaes?
Ó novos leviathãs provindes tão somente
Do fecundo hymeneu, d'este connubio ardente
Do Genio e do Trabalho, amantes immortaes!
Correis de mar em mar, altivos, triumphantes,
Levando a toda a parte a vida, a nova luz,
E as sereias gentis não fazem como d'antes,
Ao som da sua voz, perder os navegantes;
O dorso dos delfins, no mar, já não reluz!
Ó alma antiga dorme inerte no regaço
Dos velhos Deuses vãos, que o homem creador
Agora ri de ti, prostrada de cansaço,
Emquanto vae soprando em mil gigantes d'aço
Outra alma inda mais larga,—o novo Deus-Vapor!