Era uma vez uma família de gigantes, que viviam num castelo na montanha: um dos gigantes tinha uma filha de seis anos, da altura dum álamo. Era curiosa e andava com vontade de descer à planície a ver o que faziam lá em baixo os homens, que de cima do monte lhe pareciam anões. Um belo dia, em que seu pai o gigante tinha ido à caça e sua mãe estava dormindo, a jovem giganta desatou a correr para um campo, onde os jornaleiros trabalhavam. Parou surpreendida a ver a charrua e os lavradores, coisas inteiramente novas para ela. «Oh! que lindos brinquedos!» exclamou. Abaixou-se e estendeu por terra o avental, que quase que cobriu o campo. Lançou-lhe dentro os homens, os cavalos, a charrua; de dois passos tornou a subir a montanha, e entrou no castelo, onde seu pai estava a jantar.
— Que trazes aí, minha filha?» perguntou ele.
— Olhe, disse ela, abrindo o avental, que lindos brinquedos. São os mais bonitos que tenho visto.»
E pô-los em cima da mesa, a um e um,—os cavalos, a charrua e os trabalhadores, que estavam todos espantados, como formigas a quem tivessem transportado dum formigueiro para um salão. A gigantinha pôs-se a bater as palmas e a rir com uma alegria doida, mas o gigante fez-se sério e franziu o sobrolho. «Fizeste mal, disse-lhe ele. Isso não são brinquedos, mas coisas e pessoas que devem estimar-se e respeitar-se. Mete tudo isso com cuidado no teu avental, e põe-no imediatamente onde o achaste; porque fica sabendo que os gigantes da montanha, morreriam de fome, se os anões da planície deixassem de lavrar a terra e de semear o trigo.