— Estás disposto a ouvir-me sem interrupção de chalaça? Eu não estou bêbedo, palavra de honra!

Libânia pôs a face entre ais mãos e os cotovelos na toalha suja de vinho e migalhas, com os olhos muito fitos e rutilantes na cara do Nunes. O Veríssimo atirou com as pernas para cima da banca, acendeu um charuto de dez-réis e disse que falasse à vontade.

— Tu sabes que te pareces muito com D. Miguel?

— Começas bem. Temos asneira.

— Mau! Não me fales à mão.

— Já sei onde queres chegar. Vais dizer-me que me faça aclamar rei, e, para evitar efusão de sangue, venda a minha sobrinha D. Maria II os meus direitos à coroa por um conto de réis. Dou-os mais em conta.

— Adeus minha vida! — retrucou o Nunes impaciente. — Amanhã conversaremos.

— Deixa falar o homem! — interveio a Libânia. — Ora diga lá, é sê Nunes.

O Torcato expôs a sua teoria do conto de réis,