D. Miguel I nunca deixou de reinar nos corações do seu povo. Eu tenho na minha alma o retrato dele desde que o vi há treze anos em Braga e lhe beijei as suas reais mãos! — Escandecia-se o entusiasmo, punha as mãos, chamejavam-lhe nos olhos reflexos do fogo interno; e o Veríssimo continuava a folhear o Punhal dos Corcundas.

— Então viu-o, abade?

— Sim, meu senhor, vi-o com estes olhos, toquei-lhe com estas mãos.

— Ainda se recorda das suas feições?

— Perfeitamente.

— Ah! se o visse hoje, decerto o não conhecia... Está muito acabado.

— Conhecia, conhecia..

O abade sentiu um raio de dramatização que o vibrou todo. Eriçaram-se-lhe os cabelos, e coou-lhe pela espinha uma faísca eléctrica. Fez um passo atrás, e quando o Veríssimo repetiu: , o padre pôs um joelho em terra, estendeu o braço direito, e com o dedo indicador em riste, exclamou:

— Ei-lo! ei-lo!