Bem lhe basta o seu mal... E um homem que está doente deveras não deve pensar em mulheres, é na salvação da sua alma. Eu penso assim, amigo padre Osório.

— O vigário aprende o padre-nosso — dizia o de Caldelas.

Entretanto, o doente, muito animado, não sentia aqueles desalentos e presságios de morte que meses antes o afligiam. Habituara-se ao sofrimento; já não tinha memória das perfeitas delícias da saúde. Quando expectorava sem violência, e a dispneia cedia aos xaropes e ao pez de Borgonha, julgava-se numa quase-completa restauração. Escrevia ao Osório e a Marta com muita alegria e devotos agradecimentos a Deus e a Maria Santíssima, com quem se apegara fervorosamente desde que padecia, e também com o óleo de fígado de bacalhau.

A repugnância de Marta, face a face do tio Feliciano, seria um afrontoso desengano para o milionário, se não interviesse o implacável e engenhoso ciúme de