do lenço com que lho cobriram. Tinha os dedos aduncos, inflexíveis, e uma das mãos afincada como garra nas correias da pasta.

O Zeferino disse que o seu tenente-coronel devia trazer um cinturão com dinheiro em ouro; mas ninguém ousou desabotoar a farda do morto defendido pelo sagrado terror da morte. Apenas uma das sentinelas intanguidas de frio, votou que se bebesse o resto da genebra. Assim que foi dia claro, o Zeferino desceu à igreja próxima, a Margaride, avisar o pároco que tinha morrido na estrada um fidalgo do exército do Sr. D. Miguel. O padre, estremunhado e liberal, respondeu que não era coveiro; que se dirigisse ao regedor. A autoridade, sem as delongas dos processos legais, depositou o cinturão com as peças na mão do administrador, e mandou abrir uma cova no adro da igreja, onde o baldearam com um responso económico. Passavam jornaleiros para as roças. Punham as enxadas no chão e encostavam às mãos calosas as caras contemplativas. O regedor contava que lhe acharam mais de um conto de réis em ouro.