resguardo das conveniências; mas defendia a honra da filha, atribuindo ao Zeferino as calúnias que espalhava para se vingar.

— Enfim — disse o Belchior — você tinha-lha dado por quinze centos. É o que diz o povo, e palavra d’home não torna atrás.

— Isso cá da minha parte foi chalaça... — defendia-se o Simeão, quando três homens, mascarados com lenços, fincando as argolas dos paus no caminho, saltaram de uma ribanceira, à frente das três éguas que caminhavam a passo. Um dos três jogou uma paulada à cabeça do Simeão e derrubou-o.

Os dois lavradores das éguas travadas deram de calcanhares e pareciam dois duendes de comédia mágica vistos à luz crespuscular. O caseiro abandonou as sogas dos bois, galgou paredes e searas em desapoderada fuga até Famalicão, e à entrada da vila gritou — aqui d’el-rei ladrões! Contou o sucesso ao povo alvorotado, acudiu a autoridade, encheu-se a estrada de gente em cata de Simeão e da malta dos ladrões. Acharam-no prostrado, de costas, arquejando, com a cara empastada