se de joelhos a una estampa do Bom Jesus a rezar muitos padre-nossos, a fio.

Era uma noite de Fevereiro, de névoa cerrada, um céu de carvão pulverizado em brumas molhadas, sem clareira onde lucilasse uma estrela. Não se agitava um galho de árvore nua movido pelo ar nem ondulava uma erva. Era a serenidade negra e imota das catacumbas. As vezes rugia nas folhas ensopadas de nebrina no chão esponjoso das carvalheiras a fuga rápida das hardas, dos toirões e das raposas que se avizinhavam do povoado a fariscarem as capoeiras. O Joaquim Melro estremecia e punha o dedo no gatilho. O restolhar de um gato-bravo, o pio da coruja no campanário distante punham arrepios de medo na espinha daquele homem que ia matar outro — chamá-lo à janela e vará-lo à traição com uma bala. — Era o traçado.

— Que raio de escuro! — dizia, esbarrando nos espinheiros perfurantes.

Em noites assim, o Universo seria o imenso vácuo