porque, se o morgado, sério, prudente e bravo, aceitara o comando dos populares é porque a coisa era séria. Os homens de negócio depuseram as armas, enfardelaram os valores e fugiram, caminho do Porto. Os proprietários, os empregados públicos, os oficiais de justiça, alguns que haviam militado e emigrado, desceram à ponte armados em número de oitenta. Outros seguiram vereda diferente para passar o rio. A guerrilha, cuja vozeada se aproximava, no trajecto de uma légua, pegou a sua febre a mais de trezentos homens. Era um domingo de festa solene, consagrado à descida do Filho de Deus, para aplacar os bárbaros ódios do género humano: — uma grande alegria que passaria despercebida, se o vinho não preparasse as almas a compreendê-la e senti-la. Depois, muito comunicativa, como se vê. Gaspar das Lamelas emborracha-se ao jantar e faz brindes ao Menino Jesus e ao Sr. D. Miguel I. Pica-lhe na caneca, pungem-no saudades do rei, e sai para o terreiro a dar-lhe vivas. Outros vinhos em ebulição respondem-lhe num grito de sinceridade compacta.