assim, nem se lembrava de ter achado nos romances uma razão tão filosófica e concludente da justiça com que a mãe pode aborrecer os filhos.

— Sentia vontade de me ajoelhar diante dela! — dizia Adolfo à irmã. — Que formosura e que talento, Andresa! O mana, eu viajei cinco anos, vi as mulheres mais encantadoras da Europa, estive no Pardo, no Bois de Boulogne, no Hyde-Park, e nunca vi mulher que tanto me penetrasse os íntimos seios de alma! Nunca, por estranha fatalidade, nunca! Como é que eu sinto aos vinte e oito anos as palpitações de um coração que nasce? Que faísca de amor é esta que me lavra um incêndio devastador das alegrias de alma que ainda ontem me doiravam a existência?

Era o estilo hidrópico de Arlincourt; mas é de crer que exprimisse garrafalmente a singela e natural comoção que lhe fez a gentileza, a poesia elegíaca, a majestade inflexa daquela mulher a quem a desgraça dera uma crítica moderna e revolucionária na religião das mães.

D. Andresa, escandalizada, cortava-lhe os voadoiros