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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Succede alto silencio. Então Coaquira
Sobre um combro de terra se levanta,
P’ra que seja de todos visto e ouvido,
E a ponta do seu arco no chão crava.
Uma alva cúia de inimigo craneo,
De licor espumante transbordando,
Aos labios chega e a esgota: eis de improviso
Sacro fogo as entranhas lhe devora;
Inflammam-se-lhe os olhos, e se envolvem
N’uma auréola de sangue; as cans mescladas
Esparsas se arripiam sobre a fronte
Como hirsutos espinhos; dentes rangem,
Franze-se a testa, as faces se intumecem;
Arqueja o peito, e todo o corpo treme,
Como si um calafrio o sacudisse.

Momento é esse em que no céo sereno
Placida alveja a lua; e ao indio vate
Com pallido clarão branquea o rosto.
As fogueiras, que em torno em chammas ardem,
Escarlates reflexos n’elle imprimem