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A dança do destino
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Já ia ver. Tambem não valia a pena preocupar-se com isso. Se tal sucedesse, jogá-la-ia inteira.

— Faz favor, troca? em coroas. — disse êle muito atenciosamente.

Não houve objecção alguma. A nota foi prontamente trocada. Muito boas pessoas, não havia duvida.

— Apenas uma coroa no 36.

— Trinta e seis — grita o banqueiro.

Tinha ganho 18$000 réis.

Teve vontade de se ir embora e voltar na noite seguinte.

Já chegava para comprar as botas ao filho e substituir o chapeu da mulher... mas, e para o mais?...

— Mais dez tostões no 36.

Ganhou novamente.

Agora sim, tambem teria um belo sobretudo. Era tempo. Já não podia suportar tanto frio.

— Vá lá mais 5$000 réis no 36.

O numero tornou a repetir. Ganhou. Que deslumbramento!...

Êle bem sabia que havia de ganhar!

Porque motivo esse tremor nas mãos e aquele zumbido nos ouvidos? Era preciso moderar a sua alegria e aproveitar a sorte, que talvez não voltasse mais.

E apanhava o dinheiro, metia-o nos bolsos, apressado, febril, ancioso, antes que a bola cahisse sem êle ter posto, nos numeros de palpite, que eram agora quasi todos.