ganharia talvez na noite inteira, ela, que tinha muito mais edade que a necessaria para que as ilusões todas desfeitas tivessem cedido o logar a todos os egoismos, amontoados pelas necessidades e pela desgraça, cometia um acto verdadeiramente belo e comovente!
Que lindas e peregrinas almas por esse mundo não erram desconhecidas!
Desapareceu um dia. Levaram-na para o hospital.
Ali, com a meiga cabecinha enterrada na almofada, cuja brancura se confundia com a alvura dos seus cabelos, esperava docemente resignada a hora de transpôr os humbraes da Eternidade.
Pela calada da noite, quando as doentes dormiam, ou arquejavam em augustiosos sofrimentos, elevava-se uma vozita fraca e melancolica, como a voz d'uma creauça meio adormecida.
A macrobia cantava.
As enfermas soerguiam-se nos seus leitos e murmuravam:
— Lá canta a cotovia... amanhã devo estar melhor. Quando ela canta é bom prenuncio.
E o somno era mais tranquilo, embalado pela esperança que aquela debil musica lhes trazia, como