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Collecção Antonio Maria Pereira
amigos. Como teu pae disse naquele discurso, entre nós nunca mais haverá, d'aqui em deante, nem meu nem teu: O que fôr d'um, será do outro. Que- res?
Arthur estendeu-lhe a mão, num gesto largo de franqueza e disse:
— Combinado! Tu serás o Um, o eu serei o Outro. E guardou a libra.
Em seguida despediu-se. Despedida eterna, ao que parece, porque Mario nunca mais o viu.
Quando, mais tarde, se viu obrigado a confessar ao pae o desastrado ensaio do seu comunismo, as palmatoadas retiniram-lhe nas mãos, que foi uma dôr d'alma!
Aos vinte anos, Mario estava mais agiota que o pae, e quando se lembrava da sua libra perdida, murmurava ainda, entre dentes:
— Mau negocio!... Bem dizia o velhaco! comunista, sinonimo de idiota. Minha rica libra!...