A ESTRELLA DO SUL

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— O diamante, paesinho! exclamou Matakit. O diamante!... Não o tenho!... Nem o tive nunca!... Juro-o!... Juro-o!

E dizia isto com um tom de verdade tão natural que Cypriano ficou plenamente convencido de que não devia duvidar da probidade d'elle. Alem d'isso sabemos que sempre lhe custára muito a acreditar que Matakit fosse o auctor de tal furto.

— Mas então, perguntou elle, se não foste tu que furtaste o diamante, porque é que fugiste?

— Porquê, paesinho? respondeu Matakit. Foi porque, quando se fez a prova da varinha aos meus camaradas, disseram que o ladrão não era outro senão eu, e que tinha andado com manha para afugentar as suspeitas! Ora no Griqualand, quando se trata de um cafre, o senhor bem sabe que tão depressa elle è interrogado como condemnado e enforcado!... E então tomei-me de medo, e deitei a fugir pelo Transvaal fóra, como se estivesse culpado !

— O que esse pobre diabo diz tem muitos visos de verdade, observou Pharamundo Barthés.

— Eu por mim não tenho já duvidas, respondeu Cypriano; e parece-me que elle não fez mal em esquivar-se á acção da justiça no Griqualand.

E depois disse a Matakit.

— Está bem; eu já não duvido de que estejas innocente do roubo de que foste accusado! Mas no Vandergaart-Kopje provavelmente não nos acreditam quando affirmarmos a tua innocencia! Queres então correr o risco de voltar para lá ?

— Sim, quero!... Arrisco tudo para não ficar aqui mais tempo! exclamou Matakit, que parecia tomado de intenso terror.

— Vamos então tratar d'esse negocio, respondeu Cypriano; ahi está o meu amigo Pharamundo Barthés occupando-se d'elle.