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VIAGENS MARAVILHOSAS

occasião favoravel... Exactamente algum tempo depois o paesinho quiz tentar fazer um diamante e encarregou-me de activar o fogo!... Mas de repente, no segundo dia, estando só eu no laboratorio, rebenta o apparelho com um barulho espantoso e pouco faltou para que eu não fosse morto pelos estilhaços!... Pensei então que o paesinho soffreria desgosto por ter falhado a experiencia!... Puz então na peça, que estava rachada, o grande diamante, bem envolvido n'um punhado de terra, e apressei-me a concertar tudo por cima da fornalha para que o paesinho não percebesse nada!... Depois esperei sem dizer cousa alguma, e quando o paesinho achou o diamante, estava bem contente!

Uma formidavel gargalhada, que os cinco homens mascarados não poderam reprimir, echoou ao terminar a narrativa de Matakit.

Cypriano, esse, não ria e mordia os beiços despeitadissimo.

Não era possivel haver engano, pela maneira com que o cafre fallava! O que elle dizia era evidentemente verdade. Debalde Cypriano procurava nas suas recordações ou na imaginação motivos para pôr em duvida ou contradizer mentalmente a affirmativa do cafre. Debalde pensava elle:

«Um diamante natural, exposto a uma temperatura como a da fornalha, ter-se-ía volatilisado!...»

O simples bom senso respondia-lhe que a gemma, protegida por um involucro de argilla, podia muito bem ter escapado á acção do calor ou soffrel-a apenas parcialmente! Talvez até fosse aquella torrefação que lhe desse a côr negra! Talvez elle se tivesse volatilisado e de novo crystallisado dentro do involucro !

Todos estes pensamentos se accumulavam no cerebro do joven engenheiro, associando-se uns aos outros com invisivel rapidez.