A ESTRELLA DO SUL

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metros quadrados de superficie que se abria n'aquelle sitio. Essa superficie continha nada menos de trezentos ou quatrocentos claims ou «concessões» de trinta e um pés de lado, que os donos exploravam á sua vontade.

Demais o trabalho consistia simplesmente em extrahir, por meio da picareta e do alvião, a terra d'este solo, que é geralmente composto de uma areia misturada com cascalho. Esta terra, depois de tirada da mina, leva-se a umas mesas proprias, onde é lavada, pisada, peneirada e finalmente examinada com o maior cuidado a fim de se reconhecer se contém pedras preciosas.

Todos estes claims formam naturalmente covas de profundidades diversas, por isso que foram cavados sem dependencia alguma uns dos outros, de modo que uns descem a cem metros e mais abaixo do solo, ao passo que outros só descem até quinze, vinte ou trinta metros.

Pelos regulamentos officiaes cada concessionario é obrigado a deixar de um dos lados da sua cova uma largura de sete pės absolutamente intacta para as necessidades do trabalho e da circulação. Este espaço, com outro da mesma largura reservado pelo vizinho, produz uma especie de calçada ou barreira, que vem assim a conservar-se ao primitivo nivel do solo. Sobre esta banqueta atravessam-se uma enfiada de barrotes que saem para um dos lados d'ella a largura de um metro, dando assim espaço sufficiente para que dois carrinhos de mão possam passar sem se embaraçarem.

Mas os concessionarios, com grande prejuizo da solidez d'este caminho suspenso e da segurança dos mineiros, não se privam de ir escavando gradualmente a base do muro á proporção que os trabalhos vão descendo, de modo que a barreira, que ás vezes fica sobranceira com uma altura dupla das da torre de Notre-Dame de Paris, acaba por apresentar a fórma de uma