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A Guerra de Canudos

Conselheiro lhes dissera que os mortos á arma branca não iriam ao céo. Por isso, muitas vezes ao simples toque-carga, elles concentravam-se nos pontos mais fortes e em mais d'uma occasião desistiram d'um ataque em via de execução.

Antonio Villa-Nóva, astuto especulador, ao presentir o cerco, convenceu ao Conselheiro da necessidade de ir buscar novos combatentes e sahiu de Canudos com uns 80 homens, como elle matreiros e pouco eivados do fanatismo que aos demais sacrificara; é vóz corrente que na fuga roubara valiosa quantia do seu chefe e protector, levando também o producto das extorções aos infelizes fanaticos.

Os demais ficaram e nem um pensou em fugir á negra sorte que lhes estava reservada. Para cima de 8:000 pessoas de ambos os sexos e de todas as edades e condições, ainda habitavam o povoado. Os outros haviam perecido em 12 combates sangrentos, alem dos bombardeios diarios e dos tiroteios de todas as horas e que matavam dezenas de individuos. Casas inteiras, cheias de gente, abatiam sob a acção da artilharia e montes de cadaveres enchiam os vallos e fossos de Canudos. Já não sepultavam mais os mortos.