mais o ouvisse senão ela... ah! e então, nada ficaria em meio!

Com as idas de Maria à cidade, rareavam as visitas de Argemiro à chácara; esse desgosto vinculava as suspeitas da baronesa; mas quando o genro se lembrava de ir vê-la, achava jeito de falar na filha a todo o instante, numa obstinação dolorosa e impertinente.

– Você tem ido visitar o túmulo de Maria? Mandou reproduzir os retratos de Maria? – e assim o nome da filha saía-lhe constantemente da boca, como a querer impô-lo à lembrança de todos.

Os retratos de Maria, desde o de colo, de quatro meses, até o último, em que o seu perfil delicado se voltava para o céu, como a interrogá-lo, alinhavam-se sobre o guéridon, sobre o piano, na sala de visitas, na saleta de trabalho e na sala de jantar, repetindo-se por toda a casa, para que nunca os olhos maternos deixassem de o encontrar... Ela vivia assim perpetuamente arrastada pela saudade, nunca conformada, e criadora da ilusão!

Argemiro identificara-se tanto com a sogra nesse sentimento, que para ele era como se Maria estivesse longe, muito longe, mas estivesse, e houvesse de voltar um dia. Era uma certeza tida pelo coração e não compartilhada pelo cérebro, mas que, sendo terrível, não deixava de o consolar...