frouxa; és ainda muito inocente, muito ingênua. Lá para diante, quando tiveres os teus trinta anos, me compreenderás. Apesar de que eu, desde que me conheço sou assim... atilada e corajosa. Quando me casei, teu pai não passava de um advogado pobre... Quem o lançou na política? Fui eu. Quem trabalhou para sua eleição de deputado e que maior número de votos alcançou? Fui eu. Quem o levou pela primeira vez ao paço de Suas Majestades? Fui eu, e tinha apenas vinte e dois anos!... Quem, depois de proclamada a República, o persuadiu de aderir e lhe arranjou uma cadeira no Senado? Eu. Quem o fez ministro agora? Eu. Eu sempre, servindo-me destas estratégias, aproveitando todas as ocasiões e todas as simpatias, obsequiando um dia para insinuar no outro uma proteção que parecesse vir espontaneamente; realçando os méritos de teu pai, quer de espírito quer de coração, seguindo-o como um cão de caça segue o caçador, através de todos os perigos, corajosamente.

– Se o papai não tivesse qualidades extraordinárias, a senhora, por mais que fizesse, nada alcançaria!... – interrompeu Sinhá, defendendo os brios paternos.

– Ah! eu não havia de ser tão tola que me casasse com insignificante. Casei por amor, mas também por ver em teu pai um homem de altas tendências. As mulheres são mais ambiciosas