– Mataram-na?
– E empalharam-na.
– Esperemos que esta não tenha a mesma sorte.
– Pelos desejos da tua sogra!
– Que ciumenta! como se pudesse haver alguém neste mundo que me fizesse esquecer Maria!
– Há...
– O tempo?
Caldas não respondeu e sorriu.
E depois:
– Dizem que fama sem proveito faz mal ao peito. A tua governanta morrerá tísica!
– Coitada... defende-a quando se te oferecer ensejo. Eu sou tão mau que a sacrifico ao meu bem estar. E à minha imperfeição! Ignominioso! não achas?
– Humano. Ela veio ao encontro desse desastre. Tinha obrigação de prevê-lo. Talvez o desejasse... Que somos nós todos? Poços de mistério! Que pode esperar uma mulher que se aluga – por mais que te repugne a expressão, ela é corrente aqui – para tomar conta e governar a casa de um homem só? O teu egoísmo explica-se; tu pagas esse direito; agora, a sua sujeição, meu Argemiro, é que não tem duas faces por onde possa ser encarada. Para mim, ela é, única e simplesmente, uma especuladora.
– Não digas isso!