na pasta, para não perder muito tempo, foi dizendo:

– Antes de mais nada, como estes anúncios reclamando senhoras para casas de viúvos são ambíguos e prestam-se a interpretações pouco airosas, digo-lhe desde já que preciso, para governanta de minha casa, de uma senhora honesta, a quem eu possa francamente confiar minha filha, que é uma menina de onze anos. Ela mora fora, mas deverá vir passar de vez em quando alguns dias em minha companhia... Sendo essa a condição essencial, não estranhará por certo que lhe peça algumas informações...

Argemiro esperou um instante, a ver se ela se decidia a falar sem ser interrogada; mas ela, coitada, encolheu-se na cadeira e ele foi forçado a perguntar:

– A senhora é viúva?

– ... Não, senhor... sou solteira...

– Ah... mas já governou alguma casa, naturalmente?

– Sim... senhor...

– Bem... desculpe-me a minuciosidade. Poderá dizer-me em que casa desempenhou o cargo a que se propõe?

Ela pareceu não entender; depois disse baixo:

– Na minha... na de meu pai...