deve ser velhice... os meus ossos não se afazem a outros colchões, nem a minha cabeça a almofadas que não sejam as costumadas. Hás de acreditar que sofri de insônias em S. Paulo? Depois eu não tinha notícias! Glória escreveu-me duas cartinhas; tu nenhuma... Nenhuma! inacreditável o teu descuido! Meu sogro escreveu-me também, mas só falava na mulher e na neta. É verdade, o Caldas também me escreveu... Referia-se a ti...

– Tiveste então cartas de todos!...

Saíam da Central. Argemiro acenou para um carro.

– De todos... mas incompletas... Só tu me poderias dizer tudo; és íntimo de minha casa, mais íntimo do que eu! Compreendes que eu fugi!

– Por que, homem?!

– Nem sei porque... medo do barulho, da intriga... de não poder conter o meu mau humor. Estava enervado, aborrecido... Depois arrependi-me. Não tinha que fazer; bocejava pelas ruas... o hotel indispunha-me comigo mesmo. Estou como o caracol, – não posso sair da minha casa sem perder a vida... Acredita: até do cheiro da minha casa eu tinha saudades! Parece-me incrível que um sujeito de vida bem organizada goste de viajar. Tu nunca viajaste. É uma maçada! Mas que diabo, tu não me dizes nada!

– Não me dás tempo...