sou um viúvo como outro qualquer, não me abstenho nem da corte à mulher de salão, nem do abraço à mulher do pecado; mas logo que entro em minha casa, parece-me sentir as mãos finas de Maria segurarem as minhas e a sua voz, que não esqueço, repetir-me aquela sua frase ciumenta e que era como que o seu estribilho: “Ama-me, a mim só! a mim só!”
Houve uma pausa. Padre Assunção observou:
– A nossa Maria não se parece com a mãe...
– Nada.
– Saiu a ti.
– Talvez. Mas vamos jantar, que tenho de ir ao Lírico.
À mesa, logo ao sentar-se, Argemiro viu à direita do seu prato um rasgão na toalha, do tamanho de um níquel; mostrou-o com um gesto de enfado ao padre Assunção.
– Naturalmente, uma dona de casa faz falta... – observou este.
Jantaram sem alegria; à sobremesa o criado foi buscar a caixa dos charutos e Argemiro, levantando o talher de cristofle, mostrou ao padre que o garfo tinha sinais de fogo na extremidade dos dentes, e que as lâminas das facas começavam a bailar nos cabos.
E tudo aquilo era novo!
Padre Assunção sorriu:
– Agora reparas em tudo!