– Porque tua avó é uma senhora idosa e cansada. Compete agora a ti esse trabalho. Informa-te com a d. Alice a esse respeito. Ela parece perita na arte de fazer buquês. Repara para aquele...
– Quem não sabe!
– Pensas que é fácil?
– Tenho a certeza.
– Pois então incumbo-te de fazeres todos os dias um ramo para a mesa de teu avô...
– Está dito.
Argemiro não cessava de olhar para a filha, num embevecimento de noivo, muito solícito em servi-la, provocando-lhe as expansões, com uma alegria de moço. Ela percebia a adoração e abusava, ora rindo, ora franzindo o narizinho aos pratos que o Feliciano lhe apresentava.
Entre as peças da baixela figurava nesse dia na mesa do jantar um candelabro de prata fosca, que Argemiro reconheceu com dificuldade, tal era o tempo em que esse objeto vivera segregado no fundo escuro de um armário. Na verdade, Alice caprichara em adornar a mesa! Seria uma homenagem a esse jantar de festa, só de dois talheres, para um homem quase velho, e uma menina quase moça?
Quando o Feliciano oferecia a Glória uma fatia de coelho assado, ela exclamou, batendo com o cabo do garfo na mesa:
– D. Fuas morreu, papai!