“Por onde andou? Saiba que se não tivéssemos achado este Café teríamos congelado até a morte.”

“Sinto muito madame” disse o funcionário bastante consciente de que havia sido enganado por Yolanda, porem bastante consciente também de que se Jaime Telles soubesse que havia perdido Yolanda de vista não receberia o pagamento por aquele serviço.

Lá mesmo, com o agora mais atento carregador, Santós, ainda com lagrimas nos olhos se despede de Yolanda. “Não estou muito longe de meu hotel, devo deixá-la que vá” beija gentilmente as mão de Yolanda, acena com a cabeça ao jovem carregador, que ainda perplexo responde com outro aceno e se retira.

“Espere!”grita Yolanda enquanto corre em direção a Santós “quando nos veremos de novo?”pergunta aflitamente.

“Devo fazer uma viagem de negócios a Biarritz e a Paris no próximo dia 3 de abril, sei que estará com Jaime na Europa nesta temporada, seria um grande prazer se me encontrassem.”

“Sim Sr. Alberto” responde Yolanda simulando uma amizade mais sóbria ao nem tão inocente carregador “certamente nos encontraremos em Paris.”

Bastante perturbado pelas lembranças que teve, Santós entra numa carruagem de passeios turísticos que já havia localizado no momento que saiu do café e da instruções do hotel que estava ao cocheiro. No percurso sua tormenta de emoções faz com que seu estado de saúde, que já era bastante debilitado se comprometesse ainda mais. Supersticioso do jeito que era, Santos associa o numero oito da data que tornaria a encontrar Yolanda em Paris, dia 03 de abril de 1928, à maldição daquele numero, sabia que poderia comprometer novamente um relacionamento tão belo que já havia tido com Yolanda em função com o numero que o perseguia.

Santós respira fundo por algumas vezes, se recupera o suficiente para chegar ao seu quarto, ingere de forma decidida algumas pílulas e calmantes, e cai no sono.