A dupla manobra colocou-nos em terra sem o menor abalo. Saltamos e assistimos o balão murchar.
Alongado no chão, ele esvaziara do restante do gás em estremecimentos convulsivos, como um grande pássaro batendo as asas ao morrer.
Tiramos alguns instantâneos fotográficos da cena; depois dobramos o balão e o arrumamos na barquinha, juntamente com a rede. O sitio que havíamos escolhido para aterrissar pertencia ao parque do castelo de La Ferrière, propriedade do sr.Alphonse de Rothschild. Alguns trabalhadores dum campo visinho foram buscar uma carruagem na aldeia. Meia hora mais tarde chegava um “break”.
Colocamos nele a nossa bagagem e partimos para a estação da estrada de ferro, distante uns quatro quilômetros onde tivemos um grande trabalho para fazer descer nossa cesta com o seu conteúdo, pois pesava 200 quilos.
Às seis e meia estávamos novamente em Paris.
Havíamos efetuado um percurso de 100 quilômetros e passado quase duas horas nos área.
Eu estava tão entusiasmado com a aerostação, apos esta primeira viagem, que manifestei ao sr. Machuron o desejo de fazer construir um balão para mim. Ele aprovou minha idéia. Supunha que eu queria um balão esférico de dimensões ordinárias, de 500 a 2.000 metros cúbicos de capacidade. Não se imaginava se fizesse coisa menor, é curioso constatar como os construtores ainda se obstinavam no emprego de materiais pesados. A menor barquinha acusava obrigatoriamente 30 quilos. Nada era leve; nem o invólucro, nem a aparelhagem, nem os acessórios.
Expus minhas idéias ao sr. Machuron. Ficou espantadíssimo quando falei dum balão de 100 metros cúbicos e em seda japonesa da qualidade mais leve e mais resistente. O sr. Lachambre e ele procuraram convencer-me, em suas oficinas, de que eu pedia o impossível.
Quantas vezes, mais tarde os meus projetos foram submetidos a provas análogas... Hoje, estou habituado a elas. Espero-as. Todavia, por mais desconcertado que ficasse então, perseverei no meu ponto de vista.
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