Este interesse por Santos=Dumont fez com que aos dezesseis anos de idade me juntasse a dois amigos, o “Colina” grande entusiasta da aeronáutica e do “arco e flecha” e do Odilon cujo pai mantinha alguns aviões, entre eles um hidroavião usado para sobrevoar a represa de Guarapiranga com turistas. Juntos nos voluntariamos a fazer a manutenção e limpeza do antigo museu da Aeronáutica. Na época administrado por Ada Rogato (historia viva da aviação brasileira, a primeira mulher a obter licença como pára-quedista, a primeira volovelista - piloto de planador e a terceira a se brevetar em avião) atualmente Oca do Parque do Ibirapuera.

Desde então juntei informação suficiente para escrever um completo livro sobre a vida do Pai da Aviação, só não sabia como fazer isso. Foi então que deparei com algumas fotos de qualidade bastante ruins no livro “Tudo em corde-rosa de Yolanda Penteado. Achei as mesmas fotos, com qualidade ainda pior no livro de Paulo Urban e Homero Pimentel.

Era evidente que Yolanda Penteado queria contar algo com aquelas fotos. Como ilustrador me senti na obrigação de dividir com o publico tudo o que vi com imagens e cores, talvez não tão cor-de-rosa.

Para contar essa historia com maior realismo e fugir do modelo de tantas outras obras biográficas escolhi uma nova abordagem condizente com a proposta de fazer um livro ilustrado. Em diversas passagens transcrevo literalmente trechos de livros como “Meus Balões” e “O que eu vi, o que nos veremos” escritos pelo próprio Santos=Dumont. Em outras uso relatos de encontros, como o que o aviador teve com a própria Yollanda Penteado, H. G. Wells, o Marques de Soriano, etc. e ai crio um dialogo que pode ter acontecido, ou não.

Para isso aprendi e usei uma técnica revolucionaria apresentada por Tony Buzan de “Mapas Mentais” que vi pela primeira em uso pelo detetive da Scotland, Yard John Grieve em um programa de TV para desvendar em que circunstancias se deu as as ultimas horas de vida de “Alexandre o Grande”.

Para fazê-lo Grieve usou os mapas mentais, desenhando em um quadro grande os acontecimentos que cercavam Alexandre antes de sua morte. Depois de estudar minuciosamente esta técnica fiz o mesmo com Santos e Yolanda, baseio-me em seu contexto histórico, de forma a criar algoritmos de como os personagens poderiam/deveriam agir e reagir em determinadas épocas e forneço o dialogo mais pertinente possível conforme minha interpretação de suas personalidades, fase da vida em que se encontravam, etc.

Procurei usar o mínimo possível de liberdade poética dentro de uma imensa gama de limitações, pois sabemos que em determinado ponto de sua vida, Santos=Dumont destruiu um importante material de documentação, que nos daria condições de conhecê-lo muito mais profundamente do que conhecemos hoje.

Alberto Santos=Dumont viveu intensamente. Personagens da ficção como Fileas Fogg ou o capitão Nemo de “Vinte mil léguas submarinas” não tiveram momentos tão maravilhosos como este personagem que viveu a vida real.

A Vida Maravilhosa de Santos Dumont é o resultado de muita pesquisa e da ajuda de diversos colaboradores, de experiências praticas e do grande apoio que tive do Instituto Cultural Santos=Dumont na figura de seu Diretor Executivo, o Sobrinho Bisneto do Aviador – Marcos Villares.