Em um gesto abrupto e nervoso Santos se levanta e contrariando seu etilo tímido envolve Yolanda em um abraço. “Tio Alberto, que bom te encontrar tão feliz!”

-“Também me alegro muito de vê-la. O que faz aqui?”

Sem que tenha a chance de responder Soriano passa a frente de Yolanda e antecipa a resposta “- quisemos te fazer uma surpresa, Yolanda está de passagem pela França, tinha certeza de que com ela aqui não haveria de declinar minha oferta de participar do concurso de elegância automotiva.”

Ainda emocionado Santos senta-se ajudado por Yolanda que toma assento ao seu lado.

-“Sobre o que conversavam? Não quero interrompe-los.”

-“A verdade é que acabamos de chegar e não conversávamos sobre nenhum assunto muito importante” responde Soriano percebendo que Santos tomado pela emoção ainda não se encontra apto a falar. “No entanto hoje a tarde Santos me contava sobre sou primeiro balão o Brasil.”

-“Sim, o Brasil” afirma Santos agora quase recuperado “o menor, o mais lindo, o único que teve um nome”.

Afiada como sempre Yolanda não perde a oportunidade de tirar uma de suas tantas duvidas com o homem que tanto lhe interessava, mas que ali, na presença de Soriano, tratava de passar a impressão de que era apenas a sobrinha de Santós.

-“Soube que o Brasil fora batizado por Hélène de Raoul.

-“De Fato” Responde Santos feliz pois terá o grande prazer de conversar com Yolanda e sentir seu doce sarcasmo. “não precisei aguardar muito para ter um lindo dia com ventos suaves naquela manhã de sábado, 04 de julho de 1898, minha irmã Virginia havia vindo do Porto, Portugal somente para testemunhar minha proeza, o balão já estava conectado a barquinha, o publico aguardava ansioso e tudo estava pronto, no entanto não pude partir. Havia convidado Hélène de Raoul para ser a madrinha do vôo inaugural e ela estava extremamente atrasada. Quando minha impaciência já sedia lugar ao nervosismo vejo se aproximar a bela madrinha acompanhada de seu chofer.

Naquele instante minha aflição se transformara de forma imediata em grande alegria. Hélène justificou seu atraso ao fato de seu marido, um oficial do exercito Frances, estar na frente de batalha naquela manhã. A cerimônia de batismo tomou lugar como planejada, Hélène insistiu para que o balão fosse batizado com seu champagne predileto, a Dom Perrignon. Foi então que sem mais delongas tomei uma taça e logo subi aos ares”.

-“Esta mulher tinha uma forte relação com o senhor Alberto, mesmo na condição de ter seu marido em uma frente de batalha, Hélène ignora suas preocupações, e segue ao Jardim da Aclimação, somente para tomar contigo uma taça de Champagne” – provoca Soriano compartilhando da ironia de Yolanda.

-“Desta vez não foi eu quem alfinetou” – afirmou Yolanda compartilhando do sarcasmo de Soriano.

-“Isso bem me parece um complô” retruca Santós “parecem estar mancomunados desde quando planejaram que Yolanda me servisse a champagne e agora meu grande amigo Soriano me trai com perguntas que parecem ter saído diretamente da mente picante de Yolanda” prossegue Santós agora com um leve sorriso que expressa sua felicidade de estar sob carinhosos ataques de amigos “de fato creio que nada poderia afastar Hélène de seu divino compromisso comigo, porem, sou um cavalheiro, e jamais diria as razões que me levam a ter esta certeza.”

“Ela certamente incentivou muito sua vida de inventor” comenta Yolanda com certa duvida.

“Infelizmente minha querida, não foram as mulheres e tampouco os expertos em aerostação que me incentivavam. Recebi meus incentivos diretamente das maquinas, dos carros e de seus motores. Eles estavam sempre dispostos a me ajudar em meus inventos e proporcionar as melhores emoções.”

Os três riem carinhosamente e ao final Santos prossegue: