meus ouvidos, passei cinco anos pensando nela de dia, e com ela sonhando de noite; era uma loucura, mas que havia eu de fazer?... Cheguei assim aos meus dezoito anos.

Eu já era, pois, mancebo. Meus pais nada poupavam para me educar convenientemente, e eu aprendia quanto me vinha à cabeça; diziam que a minha voz era sonora, e por tal convidavam-me para cantar em elegantes sociedades; julgavam que eu dançava com graça e lá ia eu para os bailes; finalmente, como cheguei a fazer algumas quadras, pediam-me recitar sonetos em dias de anos, e assim introduziram-me em mil reuniões, onde as belezas formigavam e os amores eram dardejados por brilhantes olhos de todas as cores.

Além disto freqüentava as casas de meus companheiros de estudos e os ouvia contar proezas de paixões, triunfos e derrotas amorosas. Meu amor-próprio se despertou, e tive vontade de amar e ser amado.

Julguei esta minha determinação ainda mais justa, pois tendo ido passar certas férias na roça, e falando mil vezes no meu breve e em minha mulher, ouvi minha mãe dizer uma vez, cru que me julgava longe:

— Temo que esse breve tire o juízo àquele