que o prendia: correu, pois, para a gruta, deitou-se mas não dormiu. Quem ama não dorme; sentiu que em suas veias corria sangue ardente, que seu coração estava em fogo: era a febre do amor... Aoitin teve sede, e a dois passos viu a fonte que manava; correu açodado para o pé dela e, ajuntando as suas mãos, foi bebendo as lágrimas de amor. A cada trago que bebia, um raio de esperança lhe brilhava, e quando a sede foi saciada já estava feliz: a fonte era milagrosa.
As lágrimas de amor, que haviam tido o poder de tornar amante o insensível mancebo, não puderam esconder a sua origem e fizeram com que Aoitin conhecesse que era amado.
Então ele não mais buscou sua piroga. Saindo da gruta, fez um rodeio e foi, de manso, trepando pelo rochedo, até chegar junto de Ahy, que, com os olhos na praia do lado oposto, esperava ver partir o seu amante e ouvir o seu belo grito:
— Sinto amar-te!
Mas de repente ela estremeceu, porque uma mão estava sobre seu ombro; e quando olhou, viu Aoitin, que, sorrindo-se, lhe disse de um tom seguro e terno:
— Tu me amas!