dolorosos gemidos; e seus olhos, amortecidos, como que obsequiavam a luz quando por acaso se entreabriam.
Na visita do quarto dia o médico disse ao pai de Augusto:
— Não vamos bem...
Uma idéia terrível apareceu então no pensamento do sensível velho: a possibilidade de morrer seu filho, a flor de suas esperanças, e tal idéia derramou em seu coração todo esse fel, cujo amargor só pode sentir a alma de um pai; entrou apressado e trêmulo no quarto do enfermo, e vendo-o prostrado no leito, como insensível, como meio morto, exclamou com lágrimas nos olhos:
— Oh! Meu filho!... Meu filho!... Por que me queres matar?
Um brando favônio de vida passeou pelo rosto de Augusto; seus olhos sc abriram, um leve sorriso de gratidão lhe alisou os lábios, também duas lágrimas ficaram penduradas em suas pálpebras e ele, tomando e beijando a mão paterna, murmurou com voz sumida e terna:
— Meu pai... tão bom!...
Doces frases que retumbaram com mais doçura ainda no coração do velho.
— Querido louco! ... disse ele: tu me obrigas a fazer loucuras!