E naufraga por fim desarvorado
Nalgum abismo ignoto!
Ou formidavel catedral
Baqueia, treme, abate-se afinal
Nas torvas convulsões dum Terramoto!
Toda a Montanha oscila de furôr
Quando, como colérico fulgôr
Da pupila do Céu,
Algum relampago ilumina o espaço,
Que o raio atravessa-lhe o espinhaço
Como um agudo arpéu.
E nessa luz lívida e fria
O leviatan enorme ondula,
E numa hórrida agonia
Tem calafrios na medula!
Visionam-se batalhas
Sobre ciclópicas muralhas
Entre hipogrifos e dragões;
Ou nos inóspitos Calvários
Rochedos —Nazarenos solitários,
Agonisam em rudes contorsões.
Página:A Morte da Águia (1910).pdf/24
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