ou Maranhão, desde a nascente, no lago Lauricocha, na Republica do Perú, até ás divisas deste paiz com o nosso, em Tabatinga, onde toma o nome — Solimões — , até receber as aguas do rio Negro, seu affluente, poucos kilometros acima de Manáos, Capital do Estado do Amazonas, quando se denomina propriamente — Amazonas, até entrar no Oceano Atlantico, atravessando o Estado do Pará.
Cantou-o, entre outros, em inspirados versos, Gonçalves Magalhães, Visconde de Araguaya :
Balisa natural ao norte avulta
O das aguas gigante caudaloso,
Que pela terra alarga-se vastíssimo;
Do Oceano rival, ou rei dos rios.
Si é que o nome de rei o não abate;
Pois mais que o rei supera em pompa e brilho,
No solio á multidão em torno curva.
Supera o Amazonas na grandeza
A quantos rios ha grandes, no mundo!
O Kiang, o Nilo, o Volga, o Mississipi,
Inda que as aguas suas reunissem,
Com elle competir não poderiam
Ao lado seu direito e ao esquerdo lado,
Mil feudatarios rios vêm pagar-lhe
Tributo perennal de suas aguas,
Resupino gigante se afigura,
Qual outro Briareu, mas verdadeiro,
Que estende os braços p'ra abraçar a terra!
Pujante assim no Atlantico se entranha,
Ante si repellindo o argenteo salso,
Como se elle na terra não coubera,
Ou como de inundal-a receioso
Si mais longo e mais lento a discorresse!
O Amazonas co' o Oceano furioso
Lucta renhida trava interminável,
Para roubar-lhe o leito: e ronca e espuma.
Qual no lago, enlaçada a cauda a um tronco,
Feroz sucuruiúba horrida ronca
Quando sente mover-se á flôr das aguas,