60 metros, sendo navegavel desde a foz até Manáos por vapores de 4.500 toneladas, e até Iquitos, na Republica do Perú, por embarcações de 2.500.
Quanto á velocidade da corrente, affirma-se que na costa de Cueiras, próxima a Santarém, na maxima força da vasante, é de quasi tres milhas por hora, referindo um observador ter notado «mais de uma vez as aguas amarelladas do Amazonas a mais de 200 kilometros da foz, ainda com força bastante para, durante o silencio da noite, se ouvir o ruido da corrente amazonica no seu embate com as aguas do Oceano».
O Amazonas traz-nos á lembrança o curiosíssimo pheno- meno da — pororóca —, alterosa onda, que avança rio acima, seguida, ás vezes, por segunda e terceira, com grande estrépito, levando de vencida tudo que encontra na passa- gem. Alguns attribuem o phenomeno á impetuosidade do encontro da agua do rio com a do Oceano; outros o explicam por circumstancias especiaes no leito do rio.
Leiamos a respeito uma observação pessoal do Conego Francisco Bernardino de Souza, descripta em seu livro Valle do Amazonas:
«Vi a pororóca. Eram quasi 11 horas da manhã quando me pareceu ouvir um ruido surdo como o do trovão que echôa muito ao longe.
As aguas do Guajará corniam tranquillas, como se não esperassem a invasão do inimigo, que se approximava.
A vasante era completa, deixando a descoberto, como corôas, os baixos e espraiados. O dia estava claro. Na extremidade do horisonte vi como formar-se uma ligeira linha d'espuma, que ia rapidamente crescendo e engrossando. O ruido tornara-se perfeitamente distincto. Houve como que uma suspensão nas aguas do rio. Dir-se-ia que tinham presentido o inimigo e comprehendido o perigo.
A linha d'espuma ia crescendo espantosamente e descrevendo como um semicirculo em que prendia o rio. Era uma muralha d'espuma, uma vaga gigantesca, que se ennovelava e estoirava com fragor medonho.
Depois, aquelle semicirculo, por uma súbita e admirável evolução,