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arpôa-se este levemente, porque assim se tem a certeza de matar aqiielle sem muito esforço».

Vem a pêlo fazer-vos coiiliecer uma ])ella producção do delicado poeta — João de Brito, que nos versos seguintes cantou primorosamente o amor materno do immenso peixe:

A PESCA DA BALEIA

Descobrindo seu dorso denegrido, Como ilha fluctuante, surge immensa Uma baleia ao longe, e com ruido Arroja d′agua no ar columna densa.

Vem ao lado do tilho, que estremece, Que acaricia cheia de ternura, Desce aos antros sem luz, onde elle desce, E, si acaso o não vê, douda a procura.

Naquelle seio um coração palpita

Com desvelos de mãe; a natureza,

Que nos caprichos mostra-se infinita,

Quiz em um monstro provar toda a grandeza.

No emtanto os lenhos já navegam perto, E cada qual demanda o baleato. Que immerge, surde, bufa, salta, esperto. Mas foge timido ao menor contacto.

Como se de um siphão internamente Dispuzesse, evitando o choque á vaga, Jorra-lhe a mãe na fauce o leite quente Que com soífeguidão ligeiro traga.

Por braço hercúleo e destro sacudida Crava-se nelle a lamina farpada, Apenas sente o misero a ferida, Geme, e partindo solta a rabanada.

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