— Cruzes! gritou a snr.ª D. Patrocinio, horrorisada. Ir a Paris!...
— Para vêr as igrejas, titi!
— Não é necessario ir tão longe para vêr bonitas igrejas, replicou ella, rispidamente. E lá em festas com orgão, e um Santissimo armado com luxo, e uma rica procissão na rua, e boas vozes, e respeito, e imagens de dar gosto, ninguem bate cá os nossos portuguezes!...
Calei-me, esmagado. E o esclarecido dr. Margaride applaudiu o patriotismo ecclesiastico da titi. Decerto, não era n’uma republica sem Deus, que se deviam procurar as magnificencias do culto...
— Não, minha senhora, lá para saborear coisas grandiosas da nossa santa religião, se eu tivesse vagares, não era a Paris que ia... Sabe v. exc.ª onde eu ia, snr.ª D. Maria do Patrocinio?
— O nosso doutor, lembrou o padre Pinheiro, corria direito a Roma...
— Upa, padre Pinheiro! Upa, minha cara senhora!
Upa? Nem o bom Pinheiro, nem a titi comprehendiam o que houvesse de superior a Roma pontifical! O dr. Margaride então ergueu solemnemente as sobrancelhas, densas e negras como ebano.