rodeada dos seus sacerdotes, rodeada dos seus magistrados, D. Patrocinio das Neves ia decerto revelar qual fôra o seu intimo motivo, em me mandar, como sobrinho e como romeiro, á cidade de Jerusalem. Eu ia saber emfim, e tão indubitavelmente como se ella m’o escrevesse n’um pergaminho, qual deveria ser o mais precioso dos meus cuidados, velando ou dormindo, nas terras do Evangelho!
— Aqui está! declarou a titi. Se entendes que mereço alguma coisa pelo que tenho feito por ti desde que morreu tua mãi, já educando-te, já vestindo-te, já dando-te egoa para passeares, já cuidando da tua alma, então traze-me d’esses santos lugares uma santa reliquia, uma reliquia milagrosa que eu guarde, com que me fique sempre apegando nas minhas afflicções e que cure as minhas doenças.
E pela vez primeira, depois de cincoenta annos de aridez, uma lagrima breve escorregou no carão da titi, por sob os seus oculos sombrios.
O dr. Margaride rompeu para mim, arrebatadamente:
— Theodorico, que amor que lhe tem a titi! Rebusque essas ruinas, esquadrinhe esses sepulcros! Traga uma reliquia á titi!