não podia escapar. D’um lado estava elle, enorme. Do outro o topo do corredor, maciço.
Vagarosamente, calado, com methodo, o Hercules pousou a vela no chão, ergueu a sua rude bota de duas solas, e desmantelou-me as ilhargas... Eu rugi: «bruto!» Elle ciciou: «silencio!» E outra vez, tendo-me alli acercado contra o muro, a sua bota bestial e de bronze me malhou tremendamente quadris, nadegas, canellas, a minha carne toda, bem cuidada e preciosa! Depois, tranquillamente, apanhou o seu castiçal. Então eu, livido, em ceroulas, disse-lhe com immensa dignidade:
— Sabe o que lhe vale, seu bife? É estarmos aqui ao pé do tumulo do Senhor, e eu não querer dar escandalos por causa de minha tia... Mas se estivessemos em Lisboa, fóra de portas, n’um sitio que eu cá sei, comia-lhe os figados! Nem você sabe de que se livrou. Vá com esta, comia-lhe os figados!
E muito digno, coxeando, voltei ao quarto a fazer pacientes fricções d’arnica. Assim eu passei a minha primeira noite em Sião.