languidez, desde a sua cinta ondeante até aos tornozêlos, onde franziam, fixos por uma liga d’ouro; os seus pésinhos mal pousavam, alvos e alados, nos chinelos de marroquim amarello; e através do véo de gaze que lhe enrodilhava a cabeça, o peito e os braços — brilhavam recamos d’ouro, scentelhas de joias, e as duas estrellas negras dos seus olhos. Espreguicei-me, tumido de desejo.

Por traz d’ella Fatmé, com a ponta dos dedos, ergueu-lhe o véo devagar, devagar — e d’entre a nuvem de gaze surgiu um carão côr de gesso, escaveirado e narigudo, com um olho vesgo, e dentes podres que negrejavam no langor nescio do sorriso... Potte pulou do divan, injuriando Fatmé: ella gritava por Allah, batendo nos seios, que soavam mollemente como odres mal cheios.

E desappareceram, assanhados, levados n’uma rajada de ira. A Circassiana, requebrando-se, com o seu sorriso putrido, veio estender-nos a mão suja, a pedir «presentinhos» n’um tom rouco d’aguardente. Repelli-a com nojo. Ella coçou um braço, depois a ilharga; apanhou tranquillamente o seu véo, e sahiu arrastando as chinelas.

— Oh Topsius! rosnei eu. Isto parece-me uma grande infamia!