amigo meu, um conhecedor das letras gregas, patriota forte e membro do Sanhedrin. Foi elle que disse: «para te livrares do tormento da duvida, impõe-te uma auctoridade.» Portanto, a pé, D. Raposo!
Assim murmurou o meu amigo, erecto e lento. E eu, submissamente, como perante um mandamento celeste, comecei a enfiar em silencio as minhas grossas botas de montar. Depois, apenas me agasalhei no albornoz, elle empurrou-me com impaciencia para fóra da tenda — sem mesmo me deixar recolher o relogio e a faca sevilhana, que todas as noites, cauteloso, eu guardava debaixo do travesseiro. A luz da vela esmorecia, fumarenta e vermelha...
Devia ser meia noite. Dois cães ladravam ao longe, surdamente, como entre frondosos muros de quintas. O ar macio e ermo cheirava a rosas de vergel e á flôr da laranjeira. O ceu d’Israel faiscava com desacostumado esplendor: e em cima do monte Nebo, um bello astro mais branco, d’uma refulgencia divina, olhava para mim, palpitando anciosamente, como se procurasse, captivo na sua mudez, dizer um segredo á minha alma!
As egoas esperavam, immoveis sob as longas clinas. Montei. E então, emquanto