a que sabiam os beijos d’um propheta de Galilêa...
O homem vestido de linho alvo ergueu bruscamente a face, sacudindo o capuz de sobre os cabellos revoltos: o seu largo olhar azul fulgurou por toda a sala, n’um relampago, e apagou-se logo, sob a humildade grave das pestanas que se baixaram... Depois murmurou, lento e severo:
— Osanias, o Rabbi é casto!
O velho riu, pesadamente. Casto, o Rabbi! E então essa galilêa de Magdala, que vivera no bairro de Bezetha, e nas festas do Prurim se misturava com as prostitutas gregas ás portas do theatro d’Herodes?... E Joanna, a mulher de Khosna, um dos cozinheiros d’Antipas? E outra d’Ephrain, Suzanna, que uma noite, a um gesto do Rabbi, a um aceno do seu desejo, deixára o tear, deixára os filhos, e com o peculio domestico, escondido na ponta do manto, o seguira até Cesarêa...?
— Oh Osanias! gritou, batendo palmas folgazãs, o homem formoso que tinha uma espada com pedrarias. Oh filho de Beothos, como tu conheces, uma a uma, as incontinencias d’um Rabbi galileu, filho das hervas do chão e mais miseravel que ellas! Nem que se tratasse d’Elius Lamma, nosso