lançavam um grito tremulo. Entrámos: e logo um terror me envolveu.

Era um claro pateo, aberto sob o azul, ladeado de marmore, tendo de cada lado uma arcada, elevada em terraço, com parapeito, fresca e sonora como um claustro de mosteiro. Da arcaria ao fundo, encimada pela frontaria austera do Palacio, estendia-se um velario, d’um estofo escarlate franjado d’ouro, fazendo uma sombra quadrada e dura: dois mastros de pau de sycomoro sustentavam-n’o, rematados por uma flôr de lotus.

Ahi apertava-se um magote de gente — onde se confundiam as tunicas dos Phariseus orladas d’azul, o rude saião d’estamenha dos obreiros apertado com um cinto de couro, os vastos albornozes listrados de cinzento e branco dos homens de Galilêa, e a capa carmezim de grande capuz dos mercadores de Tiberiade; algumas mulheres já fóra do abrigo do velario, alçavam-se na ponta das chinelas amarellas, estendendo por cima do rosto contra o sol, uma dobra do manto ligeiro: e d’aquella multidão sahia um cheiro morno de suor e de myrrha. Para além, por cima dos turbantes alvos apinhados, brilhavam pontas de lança. E ao fundo, sobre um sólio, um homem, um magistrado, envolto