de tapetes sobre as lages d’uma praça. Alguns traziam balanças na mão, gaiolas de rolas; e as mulheres que os seguiam, sordidas e macilentas, atiravam de longe com o braço fremente maldições ao Rabbi. Outros no emtanto, caminhando na ponta das sandalias, apregoavam baixo coisas infimas e ricas, mettidas no seio entre as dobras dos saiões — grãos d’aveia torrada, potes de unguentos, coraes, braceletes de filigrana de Sidon. Interroguei Topsius: e o meu douto amigo, limpando os oculos, explicou-me que eram decerto os mercadores contra quem Jesus, na vespera de Paschoa, erguendo um bastão, reclamára a estreita applicação da Lei que interdiz traficos profanos no Templo, fóra dos porticos de Salomão...
— Outra imprudencia do Rabbi, D. Raposo! murmurou com ironia o fino historiador.
Entretanto, como cahira a sexta hora judaica e findára o trabalho, vinham entrando obreiros das tinturarias visinhas, ennodoados de escarlate ou azul; escribas das synagogas apertando debaixo dos braços os seus tabularios; jardineiros com a fouce a tiracollo, o ramo de murta no turbante; alfaiates com uma longa agulha de ferro pendendo da orelha... Tocadores phenicios a