cheios de cansaço. Compadecido ia arremessar-lhe figos e uma moeda de prata dos Ptolomeus — quando elle, mergulhando a mão tremula nos farrapos que mal lhe velavam o peito cabelludo, estendeu-me, com um sorriso macerado, uma pedra que reluzia. Era uma placa oval d’alabastro tendo gravada uma imagem do Templo. E emquanto Topsius doutamente a examinava, o velho foi tirando do seio outras pedras de marmore, d’onyx, de jaspe, com representações do Tabernaculo no deserto, os nomes das tribus entalhados, e figuras confusas em relevo simulando as batalhas dos Machabeus... Depois ficou com os braços cruzados; e no seu pobre rosto escavado pelos cuidados luzia uma anciedade, como se de nós sómente esperasse misericordia e descanso.
Topsius deduziu que elle era um d’esses Guebros, adoradores do fogo e habeis nas artes, que vão descalços até ao Egypto, com fachos accesos, salpicar sobre a Esphinge o sangue d’um gallo negro. Mas o velho negou, horrorisado — e tristemente murmurou a sua historia. Era um pedreiro de Naim, que trabalhára no Templo e nas construcções que Antipas Herodes erguia em Bezetha. O açoite dos intendentes rasgára-lhe a carne; depois a doença levára-lhe