e morosas do escriba traçarem uma rubrica, estamparem um sêllo sob as linhas vermelhas que condemnavam á morte Jesus de Galilêa, meu Senhor... Depois Poncius Pilatus, com uma dignidade indolente, erguendo apenas de leve o braço nú, confirmou em nome de Cesar a «sentença do Sanhedrin, que julga em Jerusalem...»
Immediatamente Sarêas atirou sobre o turbante uma ponta do manto, ficou orando, com as mãos abertas para o céo. E os Phariseus triumphavam: junto a nós, dois muito velhos beijavam-se em silencio nas barbas brancas: outros sacudiam no ar os bastões, ou lançavam sarcasticamente a acclamação forense dos romanos: «Bene et belle! Non potest melius!»
Mas de subito o Interprete appareceu em cima d’um escabello, alteando sobre o peito o seu papagaio flammante. A turba emmudecera, surprehendida. E o phenicio, depois de ter consultado com o escriba, sorriu, gritou em chaldaico, alargando os braços cercados de manilhas de coral:
— Escutai! N’esta vossa festa de Paschoa, o Pretor de Jerusalem costuma, desde que Valerius Gratus assim o determinou, e com assenso de Cesar, perdoar a um criminoso... O Pretor propõe-vos o perdão d’este...